Hidroterapia
Este é um dos mais antigos métodos de que a humanidade lança mão para o tratamento de seus males, dos mais simples aos mais sérios. Em medicina natural a hidroterapia é um tratamento indispensável, dada a sua importância e a sua eficácia.
A água é usada sob a forma de duchas, jatos, banhos, imersões, compressas, saunas etc. Os banhos podem ser de água fria, quente, morna e alternados de quente e frio. Também podem ser de corpo inteiro ou de partes, como os pedilúvios (banho apenas nos pés), manilúvios (banhos apenas nas mãos), semicúpios (banho de parte do corpo), banhos de assento (apenas de pélvis), banhos de cabeça, apenas das costas etc. Também os banhos podem ser feitos em duas ou mais partes simultaneamente.
A técnica da hidroterapia é hoje conhecida não só da naturopatia, mas também é estudada e aplicada nos círculos mais sofisticados da medicina oficial. Existem muitas escolas de medicina natural que procuram explicar os efeitos da água no organismo, mas, em síntese, ocorre o seguinte:
1. Eliminação das toxinas que prejudicam as funções orgânicas.
2. Normalização dos mecanismos de compensação e equilíbrio.
3. Normalização da má distribuição do calor (reequilíbrio térmico).
4. Reequilíbrio da energia vital.
5. Normalização do equilíbrio do sistema nervoso autônomo.
Considerações sobre os Efeitos da Hidroterapia
Devido aos fenômenos da vasoconstrição e vasodilatação (dilatação e contração dos vasos sangüíneos arteriais) ocorre eliminação do material tóxico acumulado proveniente da alimentação moderna, principalmente com o uso da sauna e das duchas frias nos intervalos da mesma. Também ocorre a eliminação tóxica através do suor abundante que é comumente provocado pelos métodos da hidroterapia. Outro efeito verificado é a renovação da energia vital, pois a água, principalmente quando natural e pura, retira energias perniciosas do corpo e transfere vitalidade curativa. O reequilíbrio térmico é um dos efeitos mais notáveis que se observa com o uso da água. Segundo vários autores, a alimentação moderna, tóxica e industrializada (desvitalizada), usada em excesso, produz acúmulos intestinais e dilatações digestivas que determinam retenções de resíduos; com isso, aflui uma quantidade maior de sangue para o aparelho digestivo fazendo que surja, assim, roubo de calor para essa região. Lezaeta Acharan denominou esse processo de "febre interna" e atribui a ela a causa da maior parte das doenças modernas. O acúmulo de alimentos e resíduos nos intestinos, a fermentação e a constante putrefação interna são muito abundantes e excessivas. O calor acumula-se então nas vísceras e a assimilação de toxinas é maior. O método hidroterápico, auxiliado por uma dieta apropriada, é uma das mais importantes armas de que hoje dispõe a medicina natural para tratar e prevenir a maioria das doenças que conhecemos, principalmente as infecções e os tumores, resultantes da diminuição da resistência e da degeneração biológica comuns nestes dias.
Também é conhecido o efeito de relaxamento e tranqüilização da hidroterapia, principalmente quanto às saunas, os banhos de assento etc. Daí a sua indicação nos problemas psíquicos e mentais. No que toca ao estresse, é uma das mais valiosas formas de reequilíbrio. O sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) é beneficiado pelo processo, que se constitui, assim, num poderoso antidistônico, pois o desequilíbrio entre os dois sistemas antagônicos e complementares é refeito eficazmente.
Águas Minerais
Em medicina natural, é de grande importância o tipo de água a ser ingerida. A troca de líquidos no organismo deve ser feita utilizando-se água o mais pura possível, rica em oxigênio e em vitalidade, de forma a preservar a capacidade vital e a normalidade das funções. A água das cidades, além de pobre em oxigênio livre (fica parada nos reservatórios e caixas d'água) , contém produtos prejudiciais à saúde como o cloro, o sulfato de alumínio, sulfato de cobre e outros agentes químicos utilizados no tratamento da água proveniente dos mananciais. Dependendo da sua origem, essa água pode também conter DDT e outros inseticidas, mercúrio e resíduos de adubos químicos e outros tipos de agrotóxicos. Resulta disso que a água que sai das torneiras, principalmente nos grandes centros, é morbígena e desaconselhada para consumo.
Quando se ingere água que contém baixa taxa de oxigênio e produtos químicos, ocorrem lentas transformações e deposições que estabelecem problemas ainda não previsíveis em toda a sua extensão. Aconselha-se, portanto, que a água que irá fazer parte do nosso organismo seja pura, de preferência de fontes e nascentes seguras, preferencialmente de locais agrestes, ricos em oxigênio e onde a água se movimenta (riachos e cachoeiras). Esta água, ao contrário, purifica o organismo e enriquece-o de oxigênio e de energia vital.
A utilização de águas minerais de fontes, como ocorre em estâncias hidrominerais no mundo inteiro, busca tratar as doenças comuns e. revitalizar os organismos debilitados através da ação e do poder das águas minerais. Este método é um dos mais antigos recursos usados pela humanidade. São famosos os efeitos das águas curativas da Grécia antiga e de outras partes da Europa (França, Áustria, Alemanha, Portugal etc.). Hoje já existe critério científico para a utilização racional das águas minerais. Os estudiosos denominam de Crenoterapia ou Crenologia o ramo da Ciência que se dedica ao assunto e explicam os resultados das águas minerais através de suas propriedades.
Propriedades curativas das águas minerais
1. Produzem estimulação da atividade celular em geral, acelerando as trocas nutritivas, a eliminação de toxinas e de ácido úrico. Daí resulta a sua utilização no reumatismo, na gota, na artrite, nos diabetes e também na obesidade, além de infecções respiratórias como laringite, bronquite, rinite.
2. Têm ação sedativa do sistema nervoso, produzindo estado levemente hipnótico e analgésico. Úteis nas nevralgias, nervosismo, insônia, excitação, neuroses gastro-intestinais, dispepsias nervosas, enterocolite, neurose cardíaca e doenças nervosas da pele.
3. Produzem estimulação das glândulas de secreção endócrina, estimulando levemente os testículos e ovários, diminuindo a ação do sistema simpático (estresse). Regulam a secreção hormonal e produzem resultados satisfatórios nas distonias neurovegetativas.
4. São utilizadas no tratamento da pressão alta devido à sua ação vasodilatadora, diurética e hipotensiva.
5. Têm ação antianêmica e leucopênica, isto é, combatem a anemia por falta de ferro ou glóbulos vermelhos e diminuem a quantidade de células brancas em caso de excesso das mesmas. Este efeito é mais sentido nas águas que contêm tório e adínio e ausente nas que contêm rádio (contra-indicadas nos casos de clorose, anemia ferropriva e na leucemia, bem como em todos os casos de câncer).
6. As águas minerais têm ação regeneradora e cicatrizante, daí seu uso local e por via oral nas úlceras e feridas, principalmente após cirurgias.
Contra-indicações
Segundo Piery e Milhaud, não se deve usar as águas minerais, de qualquer tipo, na tuberculose pulmonar, pois favorecem os estados congestivos dos pulmões e produzem hemoptise (eliminação de sangue pela tosse). Também contra-indicam as mesmas nos casos de câncer pois afirmam que, embora "grandes quantidades de radiação destruam células, as pequenas quantidades estimulam a reprodução celular". Estas afirmações não são hoje aceitas universalmente pelos médicos que se dedicam à Crenoterapia, pois carecem de averiguação científica mais detalhada.
Devido à dificuldade de se encontrarem fontes de águas minerais curativas, não fazemos muitas indicações de águas na segunda parte, mesmo porque de nada adianta o uso da água mineral, mesmo a proveniente de estâncias hidrominerais como Caxambu, São Lourenço, Poá, Campos do Jordão, Petrópolis, Cambuquira, Lambari, Águas da Prata, Poços de Caldas etc., pois o efeito terapêutico dá-se apenas tomando a água diretamente da fonte: a energia curativa esvai-se horas após o engarrafamento. Também não existe intensificação do efeito aumentando-se o volume da água ingeri da ou o tempo de uso. Bastam pequenas quantidades e um tempo determinado, pois ao que tudo indica os efeitos devem-se a propriedades homeopáticas dessas águas, e não alopáticas como habitualmente se julga nos congressos e seminários nacionais e internacionais.
Aconselhamos aos interessados em tratamento com águas minerais que se dirijam às estâncias apropriadas para uma temporada mínima de quinze dias, com uma dieta apropriada e orientação médica precisa. Na maioria das regiões minerais brasileiras existem médicos que prescrevem as águas. Muitas vezes é necessário proceder ao uso de uma combinação de várias águas, dependendo das condições do doente e dos objetivos a serem alcançados.
No mundo inteiro existem fontes muito famosas, como a de Brembach (Alemanha), a de Joachimstal (antiga Tchecoslováquia), da ilha de Ischia (Itália), a de Lacco Ameno (Itália), a de Luchon (França), a de Luso (Portugal), todas de grande capacidade radioativa. No Brasil, destaca-se São Lourenço, em Minas Gerais, local muito procurado para tratamentos e repouso.